Eu estou insuportável para mim.
Um turbilhão de pensamentos, de insatisfações, de medos, de dúvidas, de coisas mal resolvidas.
Vontade de gritar, sumir pelo mundo.
Queria viajar, pegar a minha mochila colocar o que couber nela e sair por ai, escolher uma cidade qualquer e ir... Apenas ir e ir sozinha para que nada atrapalhe meus devaneios.
Não aguento mais essa cidade que não para, essa vida que não me deixa tempo para respirar e ao mesmo tempo não trás vantagem nenhuma, não aguento mais pessoas que acham que o tempo para, que o mundo para e que o mundo não gira.
Não consigo mais suportar as buzinas, a fumaça, os carros, cada dia eu fico mais infeliz porque tenho de andar por ruas e avenidas.
Eu queria o barulho de uma cachoeira, um café da manhã delicioso, pão quentinho, sol, rede, sombra e algumas frutinhas frescas.
Estou cansada de ônibus, trem, barulho, hot pocket, poucas horas de sono.
E tudo isso pra que? Ainda não tenho boas expectativas e ao falar disso ainda me consideram pessimista. Não, não sou pessimista. A realidade bate à porta todos os dias, basta notar o que nos diz.
Não dá pra viajar, não dá pra sair daqui. Para variar, não tenho dinheiro e ainda tenho de estudar.
Tudo acontecendo de uma vez só. Saio falando grosseiramente com todas as pessoas que estão por perto, algumas ficam bastante chocadas outras já não ligam: “ela é assim mesmo!”
Embora, o “desabafo” esteja mal escrito, feio e sei lá mais o que... é melhor escrever se não eu morro.
“Ah, está se tornando difícil escrever. Porque sinto como ficarei de coração escuro ao constatar que, mesmo me agregando tão pouco à alegria, eu era de tal modo sedenta que um quase nada já me tornava uma menina feliz.”
Clarice Lispector.
Ser Escritor – Danny Marks
Há 5 anos